sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A CRISE MUNDIAL DA GLOBALIZAÇÃO CAPITALISTA, O PT-CE E A TRANSIÇÃO SOCIALISTA

Hoje, 16 de janeiro de 2009, na sede estadual do PT tem debate sobre a conjuntura internacional e nacional com a participação do Deputado Federal José Guimarães (PT-CE) e o Secretário de Relações Internacionais Valter Pomar. O oportuno evento é uma iniciativa do Diretório Municipal do PT de Fortaleza com o qual nos congratulamos.

Este post tem somente a finalidade de levantar algumas questões para o debate focando a atuação do PT-CE, relacionando a análise da crise mundial da globalização capitalista com a transição socialista, objeto principal das minhas reflexões atuais.

Do ponto de vista estratégico, é lugar comum reafirmar a visão oriental que a crise não é só problema, mas também oportunidade. Neste sentido em recente entrevista à Agência Carta Maior Chico de Oliveira fala que “a crise é tão grave que abre um período de suspensão do hegemon; não sua derrocada, mas um hiato para lamber as próprias feridas”

Esta janela histórica é também abordada por Marcio Pochmann, no artigo “A revolução no embate das idéias e projeto de sociedade”, publicado no mesmo site. Tratando da liderança no campo das idéias ele analise assim o atual momento histórico: “O agravamento da crise do capital globalizado neste início do século 21 torna mais claro o anacronismo das idéias-forças atualmente existentes para a implantação de um novo projeto de sociedade. Poucas vezes antes as elites mundiais persistiram prisioneiras de pressupostos constituídos por quem já não vive mais, desconhecendo, portanto, as oportunidades que o novo permite concretizar.”

Sabemos também, que estratégicamente uma oportunidade para um ator político (no caso o PT) pode ou não ser aproveitada no sentido de concretizar o deu ideário e fortalecer a sua posição no jogo social. Para que isto aconteça é necessário contar uma determinada força política.

O que eu quero ressaltar neste post, é que o PT-CE tem uma situação privilegiada em termos de inserção social e ocupação da estrutura do Estado. Falta-nos, entretanto um projeto estratégico, um projeto de sociedade para o povo do Ceará. Este é o nosso desafio nesta conjuntura.

Nacionalmente o PT tem a missão de liderar uma saída mais ousada, assim expressa por Chico Oliveira: “Logo precisaria reinventar o PT; um PT com a ousadia de um Kubitschek e de um Vargas, para fazer por baixo o que eles tentaram e fizeram por cima; um arranque do desenvolvimento induzido pela base social para mudar a economia e a sociedade. Cinco Embraer’s por ano e ponto final”. Este é um caminho.

Marcio Pochmann, apresenta outra percurso expresso em uma nova agenda civilizatória. “A ênfase na construção de uma nova agenda civilizatória deve ser perseguida, pois é ela que pode permitir a reconstrução da sociabilidade perdida, bem como liberar o homem do trabalho heterônomo no contexto das exigências da sociedade pós-industrial. Ou seja, o ingresso no mercado de trabalho aos 25 anos, a educação para o longo da vida, as 12 horas semanais no local de trabalho e a expansão de atividades ocupacionais socialmente úteis à sociabilidade, como cuidadores sociais, entretenimento e outras.” Para mim, construir esta agenda civilizatória significa iniciar a discussão sobre as bases para o início da transição socialista.

Esta agenda civilizatória requer um novo Estado. Pochmann lembra que “Os enormes desafios de sociabilidade e de gestão econômica da sociedade pós-industrial pressupõem a construção de um Estado matricial, trans e intersetorial, capaz de fazer confluir o conjunto de especializações em ações totalizantes.” O programa “Territórios da Cidadania” aponta para este caminho, mas é necessário avançar na discussão sobre a criação de políticas públicas capazes de iniciar a transição socialista como a melhor estratégia para o enfrentamento local da crise global. A proposta dos “Territórios de Socialização Democrática” por mim esboçada vai neste sentido.

O PT-CE, com muitos dos seus principais quadro políticos dirigindo ou participando de diversas instituições públicas federais, do governo estadual e de governos municipais, em especial, a capital Fortaleza, bem como dos parlamentos e de inúmeras organizações da sociedade civil cearense, tem força e capacidade de liderar uma maioria política para fazermos aqui a nossa parte, contribuindo de forma inovadora e sendo referência no plano nacional e internacional. Vamos à luta.